Viajem de Cosme de Médicis a Portugal

Pier Maria Baldi - Coimbra - Aguarela a uma só cor sépia matizado - 1668-1669

sábado, 30 de março de 2019

 NASCENTE DO MONDEGO

Nota: Deliberadamente continuo s escrever segundo as normas do  ACORDO DE 1945






NASCENTE

O Mondego começa por ser um rio de montanha - o Mondeguinho -  
Da nascente até Coimbra é um rio de montanha, é o Alto Mondego, de Coimbra até à foz é um rio lezíria é o Baixo Mondego.

Enquanto tal, corre num vale estreito e profundo, com «grandes quedas de desnível e carácter torrencial muito acentuado." (Amorim Girão)
Inicialmente, corre em direcção ao interior. 
Em seguida, descreve uma curva acentuada à volta de Celorico da Beira. Inverte a marcha em direcção ao litoral, no sentido NE  SW, ou seja, com uma orientação inversa e quase paralela à anterior.

Parque Natural da Serra da Estrela


Mondego em Videmonte -  a cerca de 10 Km da nascente - Parque Natural da Serra da Estrela

Caldas da Felgueira

Ponte sobre o Mondego - Caldas da Felgueira - 1930




AGUIEIRA albufeira



COIÇO ou da RAIVA albufeira



PENACOVA

Penacova - Livraria do Mondego

Junto a Penacova, depois de ter recebido o Alva (afluente da margem esquerda), o vale do Mondego estrangula-se cada vez mais ao atravessar o contraforte de Entre-Penedos. Aqui, encontram-se «altas assentadas de quartzíticos silúricos, muito fracturados». Dispostos quase verticalmente, como livros inclinados numa estante, deram origem à conhecida «Livraria do Mondego»

COIMBRA

O Mondego em Coimbra - Século XVIII (repare-se no movimento fluvial da época)

Na zona de Coimbra, logo a seguir à ponte da Portela, o vale do Mondego começa a alargar cada vez mais. Sofre ainda um ligeiro aperto ao atravessar Coimbra.
Mas já aqui começa a correr mais calmamente, tornando-se o rio mais pachorrento. Outrora, antes da construção de uma barragem, chegava mesmo a ficar quase sem água, razão pela qual os habitantes de Coimbra lhe davam o nome de «bazófias».
As grandes quantidades de areia trazidas de regiões do interior começam a depositar-se. E com isto provocou a subida do leito e o assoreamento das margens, soterrando antigas edificações. É exemplo disto o conhecido Convento de Santa Clara-a-Velha, enterrado quase por completo na margem esquerda. 

MONTEMOR-o-VELHO



Atravessada a cidade de Coimbra, o Mondego espraia-se por vastos e férteis campos, onde é cultivado o arroz estamos em pleno Baixo Mondego


FIGUEIRA da FOZ




O amplo estuário foi-se transformando, aos poucos, numa espécie de delta. Só o trabalho regular de desassoreamento tem permitido a entrada de barcos no porto da Figueira da Foz.



Coimbra - Largo da Portagem - Rio Mondego - Ponte de Santa Clara - o Basófias no Inverno 


Coimbra - Mondego e Portagem primeira metade do Séc. XX


BARQUEIROS DO MONDEGO

O Rio Mondego, até princípios do século XX, era a única via de comunicação importante da região, dando emprego a muita gente das suas proximidades como barqueiros, calafetes, carreiros, estanqueiros, etc.
Desde o Coiço / Porto de Raiva até à Figueira da Foz passando por Penacova, Portela, Coimbra, Montemor-o-Velho até à Figueira era o espaço do Barqueiro 
que  tinha como função conduzir a Barca Serrana, no transporte de lenha, carqueja e carvão para Coimbra ou Figueira da Foz. No sentido inverso, era possível receber mercadorias por mar e embarca-las rio acima. Assim, para além de peixe (seco ou salgado), sal, louça de Coimbra, vinho, etc. Paralelamente com o transporte de mercadorias, também transportavam lentes e estudantes da Universidade de Coimbra, que iam passar férias às suas terras das Beiras ou do litoral
A Barca serrana deslocava-se com a ajuda de remos, da vela, da corrente do rio e por vezes das varas (quando havia menos água), espetando-as no fundo do rio e andando pelo bordo, apoiando a vara contra o lado do peito, virados para a ré. Tinham que colocar um pano grosso, para protegerem o peito, mas mesmo assim fazia “mossa”.
À sirga 

O traje do Barqueiro do Mondego era composto por ceroulas até aos joelhos, uma camisola de lã, um colete, um garruço para o frio e os pés descalços ou com alpercatas de pano.
Para dormir, as barcas possuíam na proa ou na ré, umas cavidades “Leito”, onde os barqueiros dormiam, sendo o colchão de esteiras de palha, colocados por cima do estrado, e tendo como cobertores, a vela ou sacos, e dormiam com os pés para o bico.
Muitos eram os portos importantes ao longo do Rio Mondego, para carregarem e descarregarem mercadoria. Dos quais destacamos o Porto da Raiva, como sendo o mais importante, e considerado um dos maiores do país, até meados do séc. XIX. Porto este que diz a tradição, que a povoação da Raiva, era então situada na Foz do Rio Alva.
Aqui chegados, as mercadorias eram descarregadas, e depositadas em locais apropriados, e depois eram levadas em carros de bois “Os Carreiros”, e distribuídas pelos concelhos de Penacova, Arganil, Tábua, Mortagua e Oliveira do Hospital.
Nos portos de Coimbra, os barqueiros quando procediam ao carregamento ou descarregamento das barcas, tinham de calçar as alpercatas de pano, se fossem apanhados descalços pelos guarda rios, eram multados, se porventura andassem com um pé calçado e outro descalço, já não pagavam a multa.

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O Barqueiro do Mondego, (homem que conduzia a barca serrana entre Penacova e os portos de Coimbra e Figueira da Foz).
O Calafete (mestre carpinteiro que se dedicava á construção e reparação das barcas serranas).
O Carreiro (homem que transportava as mercadorias em carros de bois).
O Amassador de estacas (era o homem que nos rios construía as represas de águas, para os agricultores poderem regar as ínsuas junto aos rios, com as chamadas rodas ou doidas).
Os agricultores; Os carvoeiros e as tratadoras do linho.
Barqueiros do Mondego que ainda noa primeora metade do séc. XX faziam a travessia do Mondego levando passageiros de uma para a outra margem e mercadorias para montante (Penacova ou juzante Montemor e Figueira da Foz
nas suas barcaças à vela e tantas vezes puxadas pelos próprios barqueiros, outras vezes por animais,  com cabos  ao longo das pr´prias margens

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