Aquedutos Coimbra
Nota: Deliberadamente continuo s escrever segundo as normas do ACORDO DE 1945
Coimbra Aquedutos
Desde os seus primórdios, o HOMEM sentiu necessidade de controlar um dos mais importantes elementos naturais : a ÁGUA
Para transpor a barreira natural da água, construiu pontes
Para a transportar e distribuir aos mais variados sítios construiu: CANAIS DE IRRIGAÇÃO, LEVADAS, AQUEDUTOS, FONTES, FONTANÁRIOS, BICAS, TAPADAS, AÇUDES, REPRESAS (Bebedouros, marcos fontanários, lavadouros, etc. etc.)
memórias vivas do abastecimento público de água aos habitantes de Coimbra espalhados pelas ruas, largos, praças e jardins da cidade constituem locais onde o património e a história de Coimbra é bem visível e onde o som da água ecoa.
A principal cidade do Rio Mondego, a romana Aeminium convertida pelos Árabes em Qulumriyya e depois rebatizada pelos Cristãos de Coimbra, teve ao longo dos tempos quatro aquedutos
1 - Aqueduto romano
3 - Aqueduto de S. Sebastião. Século XVI
2 - Aqueduto Real do Mosteiro de Santa Clara. Século XVII
4 - Aqueduto Santa Clara. Século XVIII
"aqueduto"- canal artificial de distribuição de água das nascentes, aproveitando-se a gravidade
Tipos - Superficiais, subterrâneos, aéreos e mistos
O aqueduto ao chegar às povoações enchia grandes tanques "castellum" que depois distribuíam a água pelos chafarizes, fontanários, bicas.
Muitos já são os conimbricenses a saber que Coimbra, ao longo dos tempos, teve quatro aquedutos:
dois na margem direita do Mondego
dois na margem esquerda
O primeiro e mais antigo aqueduto de Aeminium, era uma conduta que transportava água do alto de Santana para a acrópole.
O segundo, mais famoso e mais conhecido, era e ainda é, o Aqueduto de São Sebastião / S. Roque que o Rei D. Sebastião mandou reedificar sobre o velho aqueduto e que abastecia a população da Alta do precioso líquido.
O terceiro foi um cano de água subterrâneo para abastecimento do Convento de Santa-Clara-a-Nova com nascente no Carrascal / Cruz de Morouços
O quarto era um outro aqueduto na Colina de Santa Clara que face à escassez de água do primeiro, as monjas clarissas mandaram construir (D. Maria I) com nascente na Granja.
Curiosamente nunca foi acabado e tão pouco as suas águas foram aproveitadas... mas os vestígios da sua construção são bem visíveis.
Na margem esquerda do Mondego, Santa Clara, dois aquedutos foram construídos, ambos para abastecerem de água o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova.
O primeiro no século XVII e o segundo no século XVIII porque, na segunda metade deste século, o Mosteiro de Santa Clara de Coimbra deparava-se com problemas de abastecimento de água, pelo que as monjas clarissas mandaram edificar um novo aqueduto para abastecer a comunidade monacal.
Naturalmente que são dois aquedutos distintos muito embora, e a dada altura, se tenha estabelecido grande confusão, pensando-se que só teria havido um.
1 - Aqueduto Real de Santa Clara, aquífero situado no Carrascal, Cruz dos Morouços
A obra dos canos do Mosteiro Novo da Rainha Santa foi de Mestre Domingos de Freitas em 1650 ou 1651 e após a mãe de água desenvolve-se ao longo do solo, encaminhado por canais até ao mosteiro.
2 - Aqueduto Alves Macamboa terá tido o seu início em 1783 e que se estende ao longo de cerca de 2 Km.
Tem o seu início na nascente da Granja, em Santa Clara.
Este aqueduto foi mal projetado e não conseguiu dar gravidade para a condução da água, encaminhada também para o Mosteiro de Santa Clara, onde iria reforçar o abastecimento de água ao Mosteiro, o que nunca aconteceu.
No entanto está classificado como Património Nacional enquanto que o primeiro, não, e no entanto foi o que verdadeiramente transportava água para o Mosteiro de Santa Clara onde se localizavam as cisternas e não está nem nunca foi classificado.
O Aqueduto do Real Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, que levava água até ao seu destino; de 1650-1651 (D. João IV) e foi uma conduta de água à superfície com diversos respiradores
e o Aqueduto de Santa Clara, 1783 do arquitecto Manuel Alves Macamboa, nunca funcionou, pois nunca foi concluído. (D. Sebastião)
Há que ter sempre presente que o Aqueduto do Real Mosteiro de Santa Clara-a-Nova é uma coisa e o Aqueduto de Santa Clara é outra.
Aqueduto do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova é uma estrutura em alvenaria, com alguns troços ao nível do solo e outros que emergem em muro. Tendo a sua nascente próximo da Rua Mário Pio, desenvolvendo-se ao longo de cerca de 2 km.
Túmulo da Rainha Santa - Mosteiro de Santa Clara a Nova
recolocado no seu lugar primitivo após as Invasões Francesas
Curiosidade histórica
A quando das Invasões Francesas, o general Massena, vindo da derrota na Batalha do Bussaco, ao passar por Coimbra, princípios de Outubro de 1810, (terceira e maior invasão das tropas napoleónicas), ocupou e pilhou a cidade de Coimbra como era costume daquelas tropas invasoras.
Então as freiras Clarissas decidiram emparedar o túmulo da Rainha Santa, para evitar que fosse profanado e roubado, uma vez que é de prata, e levaram-no para o refeitório do Mosteiro, onde o esconderam por detrás de uma parede entretanto levantada.
O curioso é que o referido refeitório veio a servir de enfermaria às tropas francesas que, assim, estavam instaladas mesmo junto ao túmulo sem o saberem.
Coimbra vivia em situação aflitivo desde 1808
Enquanto isso, as tropas invasoras de modo a procederem ao enfraquecimento da resistência, destruíram parte do aqueduto para cortarem o abastecimento de água à cidade.
Mal eles sabiam que por aquele aqueduto não corria o precioso líquido pelo que o general foi bem enganado sem saber.
Levaria justo castigo e monumental derrota na célebre Batalha da Linhas de Torres Vedras.
Na fuga voltou a passar por Coimbra mas a população resistiu àquela tropa que cada vez mais saqueava, resistindo e lutando contra a sua entrada na cidade evitando assim os horrores daquele horda de assassinos e malfeitores que roubavam, maltratavam e assassinavam tudo por onde passavam
Os mortos, pilhagens, roubos pelas tropas napoleónicas foram indescritíveis. Ainda hoje é difícil compreender como é que passados 200 anos ainda haja portugueses a defender os ideais da Revolução Francesa.
MARGEM DIREITA do MONDEGO
AQUEDUTO ROMANO nada a descrever por não ter informações seguras sobre este aqueduto
AQUEDUTO SÃO SEBASTIÃO ou ARCOS do JARDIM
Aqueduto quinhentista
Este aqueduto foi reconstruído sobre o anterior, entre 1568 e 1570, durante o reinado de D. Sebastião, sobre as ruínas de arcos romanos e que permitiam a passagem da água de várias nascentes.
Duas hipóteses de percurso:
1 - Nascente inicial na fonte de Celas (Fonte D'el-Rei mencionada em carta de 1429 do Infante D. Pedro. (O Fontanário tem a data de 1761 mas provavelmente indicativo do ano em que foi monumentalizado), o aqueduto subterrâneo ia à Fonte da Rainha na Quinta da Rainha, local em que funcionou a Escola do Magistério Primário e actualmente o Instituto Maternal Bissaia Barreto. Segui depois pelo caminho de Celas (actual Rua Pedro Monteiro) passava pelo interior da cerca da penitenciária, (construída sobre o antigo Convento de Tomar) e passava nas traseiras da Casa-Museu Dr. Bissaia Barreto.
A partir daqui o cano deixava de ser subterrâneo, passava a aéreo, é surgia com o arco mais imponente logo no início.
A partir daqui o Aqueduto, popularmente conhecido como Arcos do Jardim, aparece representado nas cartografias: a panorâmica da cidade de Coimbra desenhada por Pier Maria Baldi em 1669 por exemplo.
2 Nascente no Alto de Santana, Fonte d'El-Rei, em troço subterrâneo seguia pelo Convento de Tomar, onde também recebia as águas da Fonte da Nogueira do Parque de Santa Cruz e a partir da actual Casa-Museu Bissaia Barreto passava a aéreo e seguia o percurso referido em 1 indo abastecer a Alta nomeadamente a Fonte dos Bicos no Largo da Feira dos Estudantes mas já por cano subterrâneo com cerca 100 m de extensão .
É constituído por 21 arcos levantados sobre pilares e tem um quilómetro de comprimento. Foi construído por Filipe Terzi, com o objetivo de levar água da colina de Santana até à zona alta da cidade.
São Sebastião
O primeiro arco, Arco Nobre ou de Honra apresenta duas esculturas, uma de São Sebastião voltada para Sul e outra de São Roque voltada para Norte
Imagem de São Sebastião
PER VIAM
Curiosidade académica
Se bem reparar, na imagem de S. Sebastião vêm-se dois orifícios no tronco, onde estavam cravadas duas setas que se diziam ser de prata.
Um dia um estudante, (o poeta João de Deus segundo a tradição), condoído com o “sofrimento” da secular da imagem, arranjou maneira de subir até lá “retirou” as setas, deixando um irreverente letreiro:
Basta de tanto sofrer!
São Roque com o anjo e o cão
(1) - No século XII, Coimbra apresentava já uma estrutura urbana, dividida entre a cidade alta, designada por Alta ou Almedina, onde viviam os aristocratas, os clérigos e, mais tarde, os estudantes, e a Baixa, do comércio, do artesanato e dos bairros ribeirinhos.
Aqueduto de São Sebastião - Atrás Igreja de São Bento do século XVII demolida em 1932
https://www.blogger.com/blog/post/edit/8111819792914231250/6420014566647204839
JARDIM BOTÂNICO
O Jardim Botânico, obra do Marquês de Pombal em 1772, estende-se pela vertente poente da encosta que do Aqueduto desce até ao Mondego. com mais de 13ha em terrenos doados, na altura, pelos frades Beneditinos.
Espalha-se por vários patamares, escadarias e avenidas, sendo um dos jardins botânicos mais conceituados a nível mundial.
A Mata ocupa dois terços da área total do jardim e é composta essencialmente por árvores exóticas em crescimento livre e pelo bambuzal.
Dos muitos botânicos e cientista que tornaram possível o Jardim destacamos o naturalista e botânico Avelar Brotero (século XVIII-XIX.)
Portão do Jardim Botânico. Frente à entrada a estátua de Avelar Brotero (1744-1828). (Erigida em 1887)
Placa que identifica o autor do portão do portão principal do JBUC- Manuel Bernardes Galinha, serralheiro-artista de Coimbra.
A praxe académica aproveita e repete a costumada pergunta aos caloiros:
--- "preto é galinha o fez"
até eles darem com a resposta
Avelar Brotero, primeiro Director do Jardim Botânico de Coimbra
Foi o primeiro monumento em Portugal feito a um homem da Ciência.
É obra de Soares dos Reis que no esboço colocou Brotero sentado num cadeiral alto em atitude de quem disserta com vestes doutorais: capelo aos ombros e borla na mão esquerda assente nos joelhos.